Estamos no meio de uma aula de Transformação, mas não poderia deixar de escrever o que estou pensando agora. Como podemos viver com as pessoas e não nos preocuparmos em conhecê-las? Vivemos tão focalizados em nós mesmos, nossas próprias vontades e realizações, que não nos preocupamos com os outros. Estamos rodeados, todo o tempo, por pessoas que sofreram traumas durante a infância e só nos preocupamos conosco mesmos.
Ontem, durante o módulo de trabalho em equipe, o Pastor pediu para que, ligássemos o polegar da mão direita uns nos outros, formando um círculo com as mãos de todos os alunos. Percebemos que uma menina não tinha posto a mão. Quando dissemos pra ela colocar a mão para finalizar a atividade, ela disse que estava cansada e resolveu sair. Finalizamos a atividade sem ela.
Hoje, na hora da aula, ela disse que ontem foi o dia que Deus marcou para ela ser curada de um trauma de infância. Então ela contou sua história com muita dificuldade, dizendo que aos seis anos, enquanto sua mãe cuidava dos afazeres de casa, ela estava brincando com seus primos e irmãos. Como não tinham dinheiro para comprar brinquedos, ela e seu primo foram para o mato pegar pedaços de madeira para serem os brinquedos. O primo dela pegou um pedaço de madeira e ela disse que marcaria com os dedos o lugar que ele deveria cortar a madeira. Quando ele foi cortar a madeira, não viu os dedos dela e os cortou!!!
Ela perdeu os dedos indicador e anelar da mão direita – isso, aos seis anos – e cresceu complexada por isso, pois pegou tétano e poderia perder o braço, mas sempre se perguntava porque Deus tinha deixado isso acontecer. Ela disse que ainda não sabe, mas que estava disposta a ser curada dos complexos e entender o “pra quê” disso ter acontecido.
Convivo com essa menina há um ano e quatro meses e nunca desconfiei disso. Foi um choque quando ela mostrou a mão sem os dedos!
O que me deu raiva de mim mesmo nisso tudo, foi que eu nunca entendi o porque de ela sempre usar blusas de manga comprida, mesmo estando calor, e o pior foi que, ontem, quando ela não quis colocar a mão eu falei com ela: “Como você vai aguentar no campo se você se sente cansada aqui?”. Eu aprendi com isso, que preciso conhecer melhor as pessoas, preciso parar de pensar em minhas próprias dificuldades e traumas e olhar para o que as pessoas, com quem convivo, estão precisando.
Quero aproveitar tudo isso para encorajar você a fazer o que eu não fiz. Quando ver que alguém se isola, ou tem dificuldades, não julgue essa pessoa! Converse com ela, tente compreende-la e, talvez, Deus te use para ser canal de restauração na vida dela, e não fazê-la sentir-se pior.
Ore por mim! Deus te abençoe... sempre!